quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Marcas do tempo



Sei que o tempo passou

Sob a ponte, muita aguas passaram nas noites de luar

O que deveria ter ficado para trás, nas entranhas das margens do rio ficou

Como nas antigas canções, há sempre algo a se lembrar

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Duvido que alguém sinta por você o que um dia senti

Que dedicou tanto de seu tempo fazendo suas manhãs florescer

Mesmo que não seja possível viver tudo novamente, eu te amo

Sempre existe alguém a nos salvar quando nada temos a oferecer

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Sei que o arco íris que um dia você planejava ficou pelo caminho

Não foi culpa de ninguém perdermos contato com o balde de ouro

A mudança de ofício que prometia ser o início de um novo tempo ficou para trás

A morte pôs fim ao seu maior tesouro.


Uma cama, uma mala e um pequeno baú... tudo que sobrou

Lançados ao mundo, buscando na natureza um sinal

O retorno ao lar de mãos vazias parecia um desastre

A alma de criança que descrevera aquele momento não seria capaz de conceber tanto mal


A sobrevivência foi difícil

Com o tempo as arestas foram se ajeitando

O pouco se transformando em muito

A vida acontecendo, os pesadelos se dissipando


Queria tê-la a meu lado

Entender o porquê de tantas surras

Se os espancamentos foram sua válvula de escape, não sei

Só que compreender o porquê de tanto ódio ao nascituro. 


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Manoel Claudio Vieira – 30/10/25 – 03:37h




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quarta-feira, 29 de outubro de 2025

As faces do oculto



Entorpecidas pelo silêncio 

Lá vão as marionetes mundanas vagando pela estrada 

Com um buraco no peito sangrando

 Se perderam pela vida e já não conseguem mais viver sem estar anestesiadas.


Falam de eventos terrenos como se especialistas fossem, mas

 O vazio que escondem, nada pode completar. 

Cansaram de viver a vida alheia como fantoches, 

Seres perdidos na própria existência; mesmo por breves momentos não vivem: voltam a interpretar.


Podem conviver com coisas belas, mas jamais aprendem o valor da graça.

 A maioria de seus bens, o dinheiro que têm pode comprar. 

O problema é que desconhecem o que é virtude e optam pelo ambíguo. 

Se pela vida não aprenderam, nem fazem ideia do que seja verdadeiramente um amor conquistar.


Na passagem da infância para a adolescência, 

Quando se viram livres, foram tomadas de pânico e terror. 

Tudo que outrora parecia belo e faceiro pertencia a outros e, como tal,

 A cobiça as invadia e para si almejavam o que outros conquistaram com trabalho e suor.


E assim passaram os anos... um desapontamento atrás de outro

A criança que ao se imaginar adulta tudo fosse mudar, cresceu

A mão que apedrejava continuava a mesma, mas dessa vez tinha companhia

De carrasco e refém de si mesmo sua história pela linha do algoz, sucedeu.


E assim passaram os anos... um desapontamento atrás do outro.

A criança que, ao se imaginar adulta, achava que tudo fosse mudar, cresceu. 

A mão que apedrejava continuava a mesma, mas dessa vez tinha companhia.

De carrasco e refém de si mesmo, sua história pela linha do algoz sucedeu.


Manoel Claudio Vieira – 29/10/25 – 01:52h




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sábado, 25 de outubro de 2025

Resposta aos sonhos

 

 

Bêbado de sono, ainda envolto em questionamentos

No meio da noite o homem despertou atordoado.

Sentiu que deveria externar o que sentira

O sonho que tivera o havia arrebatado do passado

 


O que há por trás de um sonho tão expressivo

Certamente bem mais que lições em forma de palavras, devaneios e ações

Feito viajante do tempo, cabia a ele descrever no papel

O que no mapa da mente em minutos se transformaria em esquecimento e ilusão

 


Nessas horas corpo e mente fluem de forma irregular

Na velocidade da luz, pensamentos rompem barreiras

O que antes semelhava impossível, do nada acontece

O ontem atravessa o tempo e o futuro mostra sua face do amanhã no presente de forma faceira

 


Tudo se mostra completo aos olhos das sementes do amor

Tudo dentro de um programa, feito emoções, acontece

Semeadas em campos férteis, em seu tempo geram frutos

O que antes parecia perdido, de forma nova e magnificente, floresce

 


Entre as imagens dos sonhos por trás das necessidades

Expressões estabelecidas revelam-se como aguas dos rios desaguando nos oceanos

Aos que pensam que essas aguas são novas, engano compreensível e costumeiro

A agua que se vê como límpida, feito o homem, também passou por enormes desenganos

 


Feche os olhos, abra sua mente, de asas a seu coração

A natureza fala pelas obras que você vê, porém, as vezes teima não ouvir

Sonhos não são apenas os motores d’alma

Em cada um há um motivo aparente para em sua existência voltar a sorrir.

 


Manoel Claudio Vieira – 25/10/25 – 23:43h





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segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Contra o amor, contra o tempo



Saudades de um tempo distante

Estação dos sonhos, dos amigos de verdade

Época onde os homens valorizavam a companheira

Como constelação de estrelas onde juntos davam forma ao destino em total equidade

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Palavras de amor eram trocas normais

Tudo acontecia a seu tempo, costume e idade

Abertamente um se declarava ao outro sem ser o segredo de alguém

Tempo onde brilhávamos pelo respeito e não pela vulgaridade

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Nobre porção de amor diluída em pensamentos

Palavras eram seguidas por atitudes, carinho e alegria

Retratando o quão fugaz e volátil é esse sentimento universal

Éramos como pássaros voando livres para longe onde presos morreríamos

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Aos homens, fiquem com alguém que publicamente mostre ser sua fã

Trate-a com muito amor a fêmea que tem por menina

Esqueça o tempo que se foi e não volta – o coração usa outra linguagem

Sua nobre porção diuturnamente o aguarda com todo amor e alegria

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Por fim, não busque entender a extensão de um amor

Suas chamas encantam nos vários momentos do dia

O coração que verdadeiramente acolhe a dimensão da alma

Contra a vida, contra o tempo, desabrocha feito flor dia a dia


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Manoel Claudio Vieira – 20/10/25 – 03:55h








sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Terras do amanha.


Dias e noites procurando uma saída

Preocupado com o que pode acontecer

Fazendo do tempo um aliado

Buscando no horizonte uma nova maneira de viver


Independente de tudo, a roda da vida acontece

Nada que se faça faz o mundo deixar de girar

São tantos os que buscam se amoldar a sociedade e seus costumes

Sem que o homem pense no que essa dependência pode nos levar


Muitos falam que seu tempo foi melhor

Mas, certas mensagens atuais surpreendem, pois discorrem sobre carinho e afeição

Numa época tão conturbada isso é algo cada vez mais raro de se ver ou ouvir

Lembram condutas simples, porém recheados de carinho, amor e gratidão


Somos de uma época onde tudo era meio precário, mas esse pouco tinha qualidade

Hoje não vivemos presos ao passado, porem repudiamos o presente

Quando falávamos de amor o conteúdo era verdadeiro e não para impressionar

Onde o homem se tornou objeto num mundo de seres cada vez mais ausentes


Sei que faço parte de um mundo risível

Muitos dirão que isso é coisa antiga, o que não deixa de ser verdade

Peço que não esqueçam que essa terra envolta num mundo de sonhos

Amanhã poderá ser também a sua terra dependendo ou não de sua idade.



Manoel Claudio Vieira – 17/10/25 – 03;53h





sábado, 11 de outubro de 2025

O silêncio dos vazios


  

Sei que nas entrelinhas você pode me ouvir

Sei também o quanto dói o convívio sem verdadeiramente se entregar

Como deve ser difícil encontrar a palavra certa para balizar o contorno de um amor

Quando se vive preso a compêndios que um dia nos fizeram regurgitar

 

Somos de uma geração onde a realidade era permeada por sonhos

Na mais tenra idade, muitos ousaram viver um pouco além da imaginação

Verdade muitos feriram ao delimitar aqueles que um dia sofismaram amor

Ferindo de morte as entranhas na mente demarcadas pela razão

 

Quando alguém entra em nossas vidas,

Ser algum é solitário o suficiente para não se render

Porém quando se brinca com o amor de alguém

Difícil escapar sem deixar marcas nem consequências em seu viver

 

Podemos nos sentir solitários,

Esperar o tempo passar quando poderíamos nele viver

Arquitetos d’alma desenganadas em busca de conteúdo

Olhando para o vazio esperando que do nada algo possa acontecer

 

Necessário alisar as arestas, desbastar um pouco do verniz

Rigidez é coisa de pedra e inconscientemente cometemos grandes lambanças

Externar o que por anos foi reprimido e nos fez calar, dói

Maquiar a dor é mais dolorido que conviver com lembranças

 

 

Manoel Claudio Vieira – 11/10/25 – 04:27h