quarta-feira, 29 de setembro de 2021

A hora e a vez

Quando chega a noite

Na madrugada escura e solitária começo arrazoar

Hora certa - parece ter ninguém, mas tem muita gente.

Chegou a hora de colocar para fora o que fez mal para não chorar


A espera por vezes é longa

Quanto maior o silencio, melhor a velocidade.

Há tempestade entre neurônios desabrochando

A boca emudece, mas a clareza cresce junto à agilidade.


Uma imagem aqui, um pensamento acola.

Historias se unindo formando enredos

Enquanto o tempo se arrasta no infinito 

Destilo o veneno, purgo a dor e com ele junto vão os medos.


“isso não esta bom”

“isto não vai dar certo”

“Quem você pensa que é”

Doidinho das ideias perdidas e do modal incerto.


Só Deus sabe como faz bem prantear

Externar o que se passa no vazio de nosso ser

Aplacar a dor fazendo a pena se derramar borrando o papel

Apesar dos pesares, sentir a vida e viver.


Manoel Claudio Vieira – 29/09/21 – 05:16h

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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Além dos sonhos


Dizem que os sonhos são projeções do inconsciente

Dizem que nunca acabam, pois são a parte presente no amanha.

O que sei, do pouco que sei e ainda é pouco:

Assemelham-se aos delírios da febre terçã


A cada tantas horas, despontam.

Vem em ciclos e se espalham pelo corpo

Invadem neurônios e por lá se multiplicam

Dando vida à parte noturna de quando estamos mortos


Verdade alguns deixam a alma sangrar

Verdades alguns nos levam muito além do infinito

Difícil lidar com a dor real de quem observa

Quando em convulsão neles mergulhamos aos gritos


Dizem ser obra do insano que passou

O Deus ou o Diabo que se tornou presente

A vida prestes a se derramar num looping infinito, mas...

Nada pior que o olhar de impotência dos ausentes


E o medo receoso de acordar

A sensação do nada preenchendo lacunas

O desespero de ter perdido hora e vez

Para mais uma vez acordar sentindo o cérebro aberto por uma verruma


Ao meu amor, todo meu amor.

Acompanho o desenrolar deste processo com todo carinho

Com atenção, solidez nas palavras e, sobretudo firmeza.

Faço o melhor transmitindo paz ao nosso ninho.


Manoel Claudio Vieira - 23h36minh - 22/09/2021

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domingo, 12 de setembro de 2021

A tampa e o caldeirão


Nem tudo que encontramos nessa vida foi tão ruim

Nem tudo que semeamos, floresce.

Lembre-se que ao me subjugar você abriu as portas do inferno

E tudo mais que aconteceu você merece


Por favor, não se faça de inocente.

Com grandes perdas, também tivemos vitorias.

Você e tudo mais que forjou com saúde para mim hoje não passa de um grande engodo

Queria ver crescer na adversidade, mas não importa – não te quero nem de memoria.


Liberte-se de seus fantasmas

Você se compara com quase todos, mas o que realmente te incomoda é você.

Sei que sabe muito bem quem são, pois são eles que têm assombram.

O néscio atrás do espelho e você


Você sempre procurou se apossar de tudo 

Construía armadilhas que davam a impressão que o alheio era teu

Apossou-se de coisas que jamais foram suas

E distribui o lixo que dizia ser meu


Quero-te no inferno

Queimando entre as labaredas de seus caríssimos irmãos

Não esqueça que o demônio ensina fazer a sopa

Porém esconde a tampa do caldeirão.


Manoel Claudio Vieira - 12/09/21 – 00:29h

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