sábado, 29 de julho de 2023

Entrementes



 Entrementes



Metade do ano se foi

Problemas outrora extintos com nova roupagem parecem voltar

Os passageiros da locomotiva sem freios na ferrovia que leva ao fim, vociferam

"Agora, novo tempo, do inferno iremos ressuscitar"



E assim o comboio navega

Poucos são os que compreendem a gravidade implícita no fim desta viagem

Muitos veem nessa desabalada corrida o sentido de liberdade 

Incrível, mas o nescio crê que sua morte será o início de nova paragens



O sistema é bruto – nada os detém

Divulgam a ilusão de que tudo grátis um dia irá acontecer

Ensinam as pessoas fazer a sopa, mas não oferecem a tampa da panela e...

Quando tudo desabar a culpa será do outro menos sua forma de viver



Certos segredos são revelados a noite

Quando a alma se despe de si, no infinito passa navegar

Assim como o reboco antigo de uma parede fofa volta a ser areia

Com pessoas, basta triturar, dar uma peneirada e feito o oleiro, vida lhes dar



Não se preocupe, pois não há nada a ser feito numa sociedade vazia

Viva sua história, faça suas tarefas com afinco e gentileza

Não discuta com quem muda a aparência sem alterar o conteúdo 

Natureza não é uma condição e sim uma certeza



Manoel Claudio Vieira – 29/07/23 – 02:34h

http://www.angelfire.com/oz/foradassombras/

HP médica-neurologia.


segunda-feira, 10 de julho de 2023

Devaneios




Um leve suspiro, enjoo inesperado

A sensação de medo invadindo todo ser

Contagem regressiva foi disparada, tudo começou

Procure relaxar, não há nada que se possa fazer.


Um mundo sem eira, uma atmosfera vazia

Visão se perdendo e a agonia sobrevindo

Entre o céu e a terra, la esta você e

Dentre os demônios, o pior é aquele que te olha sorrindo


Numa fração de segundo se atravessa o universo

Lançado no espaço, estrelas relampejam como serpentes

Dissociado do corpo, a mente se desfaz em transe

O retorno está próximo... é dolorosa volta dos ausentes


Aterrorizadas, as pessoas se afastam

Quem se aproxima o faz com certa relutância

Demandam esclarecimentos, mas as palavras são difíceis.

O pior dos medos é a ignorância


Pequena visão de um mundo desconhecido

Permeado por crendices, a verdade se desfaz

O tolo pondera serem enviados de deuses ou demônios

Tudo depende da aura que o ébrio no momento compraz


Os sofrimentos que passamos em nossas vidas

Os fardos carregados nos dias de sofreguidão

Em palavras, passo a frente o outro lado do lençol

Tudo nesta vida, apesar de penoso, faz parte de nossa evolução



Manoel Claudio Vieira – 10/07/23 – 02:31h







quarta-feira, 5 de julho de 2023

A vida passa.




Ele se foi de nossas vidas

Deixou marcas por onde passou

Ficou um espaço vazio, mas como quase tudo 

Além das lembranças, sua garra por viver, marcou



Hoje eu me sinto mais só

Sei que fiz o possível, mas sempre existe algo mais

Queria que o tempo pudesse voltar para perguntar algumas coisas

Mas já não é mais possível; o tempo não volta atrás



Se um dia errei, peço perdão 

Só Deus sabe o quanto foi difícil chegar onde cheguei

No mundo masculino onde cresci faltaram exemplos

De tudo, o pouco que tomei emprestado, como espelho desfocado, usei



Desde cedo, muito cedo, busquei exemplos

O que na infância aprendi veio de um mundo idealizado e não real

Um dia pensei fosse instruir-se contigo, mas riste alto de minha questão

Envergonhado, me recolhi e para sempre me fechei... ponderei: mais um rindo do pequeno mal



Nunca mais tive coragem de tocar naquele assunto

Verdade não é mais possível solução

O vazio de décadas se deparou com o vazio de hoje

Que o vento que nos faz velejar varra para longe essa questão



Espero que me perdoe, mas sinceramente muito sofri

Sempre fui um ser emotivo descrevendo no papel o que sentia

Ao menos dessa forma ser algum desdenhava meus sentimentos, 

Ninguém lê nas cinzas nem enterrado no solo o que no papel eu escrevia.



Manoel Claudio Vieira – 05/07/2023 – 02:03h






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