quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Marcas do tempo



Sei que o tempo passou

Sob a ponte, muita aguas passaram nas noites de luar

O que deveria ter ficado para trás, nas entranhas das margens do rio ficou

Como nas antigas canções, há sempre algo a se lembrar

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Duvido que alguém sinta por você o que um dia senti

Que dedicou tanto de seu tempo fazendo suas manhãs florescer

Mesmo que não seja possível viver tudo novamente, eu te amo

Sempre existe alguém a nos salvar quando nada temos a oferecer

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Sei que o arco íris que um dia você planejava ficou pelo caminho

Não foi culpa de ninguém perdermos contato com o balde de ouro

A mudança de ofício que prometia ser o início de um novo tempo ficou para trás

A morte pôs fim ao seu maior tesouro.


Uma cama, uma mala e um pequeno baú... tudo que sobrou

Lançados ao mundo, buscando na natureza um sinal

O retorno ao lar de mãos vazias parecia um desastre

A alma de criança que descrevera aquele momento não seria capaz de conceber tanto mal


A sobrevivência foi difícil

Com o tempo as arestas foram se ajeitando

O pouco se transformando em muito

A vida acontecendo, os pesadelos se dissipando


Queria tê-la a meu lado

Entender o porquê de tantas surras

Se os espancamentos foram sua válvula de escape, não sei

Só que compreender o porquê de tanto ódio ao nascituro. 


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Manoel Claudio Vieira – 30/10/25 – 03:37h




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