segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Diálogos Cabulosos



Um dia ela disse que ele não seria nada...ele ouviu. Tempos depois, após um breve entrevero, arguiu que ele não passava de um filho da puta, desgraçado, maldito...e ele, aos 5/6 anos sem saber ao certo quem era ou o que fazia neste mundo, acreditou.


O tempo foi passando e anos mais tarde ele deixou transparecer que gostaria de seguir carreira na área de exatas (engenharia) ao que ela questionou afirmando que isso não era coisa para ele – “filho mais velho estuda e o resto vai trabalhar” ao que ele calou, porém ousou perguntar quem ela era para dizer essas coisas ouvindo: sua mãe, ao que ele consentiu


Sem eira nem beira aqueles dois iam vivendo. Ela, viúva ainda jovem carregando uma carga emocional altíssima confundindo submissão alheia com autoridade, contava os dias como “menos um” e tudo que fazia tinha por fim oprimir antes para não ser questionada depois, pois não tinha certeza do que fazia -seu calendário trocava as folhinhas (dias/meses /anos) sem que ela e especialmente tudo em seu redor ganhasse vida. Expressões de prazer era abruptamente abolidas, pois segundo seus ditames eram suprassumo da perversidade que ninguém mais a não ser ela em seu mundo era permitida ter.


 “Vai para o teu quarto, ajoelha, reza, pede perdão e se arrepende pelos pecados cometidos” – essa era a expressão mais usada quando queria se ver livre de perguntas um pouco mais complicadas. Deus era a válvula de escape pois sabia que além Dele nada poderia ser questionado. Em sua infância aprendeu usar o Senhor como escudo, em especial, para o que não entendia. Em outras ocasiões, quando questionada e sem resposta, entregava ao além sua dúvida ou se valia do “você só sabe fazer pergunta difícil”. 


Se você chegou até esta parte do texto sem perguntar o porquê ter se deixado levar tão longe pelo déspota desta história, saiba que quando a manipulação acontece quando você é muito novo e pelas circunstancias é dependente financeiro, afetivo e vive sob os auspícios do medo de crises convulsivas recorrentes  não controladas e, em especial é levado a viver as culpas como depositário fiel das frustrações alheias, tenha ciência que você ultrapassou o papel de humano tornando-se sobrevivente dentro de um sistema onde pouco ou quase nada se conhece quando o aprendizado social das primeiras etapas da vida são suprimidos e as consequências vem com o tempo.



Manoel Claudio Vieira – 15/09/25 – 00:08h 




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