Escrevendo/pintando no Cérebro
Verdade que o tempo leva embora parte da massa encefálica que vem com as pessoas assim que são apresentadas ao mundo, sejam pelo envelhecimento natural ou por traumas ocorridos ao longo dos anos de vida. Procurando superar esses contratempos (naturais ou não), por conta de uma neurocirurgia ocorrida em 2002 com a retirada de uma parte lesada de meu cérebro, atualmente procuro criar novas terminações nervosas estimulando o crescimento dos neurônios de forma ampliar essa rede da maneira mais natural possível, ou seja, colocando em pratica atividades intelectuais de maneira sentir um enorme prazer em findar esse exercício conciliando o útil ao agradável.
Tendo como base o desenvolvimento de habilidades que desenvolvi desde tenra infância, principal delas, a leitura e a consequente escrita, sempre gostei de ler e meu estopim foram almanaques usados vendidos numa determinada banca da feira livre onde minha mãe comprava as revistas que estavam em melhores condições físicas pelo uso.
Sempre que lia, ficava registrado seus principais momentos, a saber e em breves pinceladas, o início, meio e fim. Em geral, durante a leitura, eu observava o comportamento das pessoas frente as variantes ocorridas entre os personagens, porém em mim algo sempre funcionou um pouco diferente, ou seja, a partir da metade de uma história que eu já tinha lido, mentalmente eu desenvolvia um outro final que não fosse aquele do autor, o que de certa forma me transformava num coautor ao dar a processo inicial de criação um novo final, desta vez o meu.
Ao entrar na escola, aprendi nas aulas de português como redigir um texto. Em geral eu me dava muito bem nesta matéria, pois intuitivamente já o fazia a um bom tempo e de forma totalmente intuitiva. Uma curiosidade eram as redações do tipo “ faça uma redação de no mínimo 20 linhas com o tema etc. etc. etc.” Ora, para mim o tema sempre foi o de menor importância já que eu me sentia muito bem fosse ele qual fosse. O problema mesmo eram as 20 linhas que no meu caso eram quase sempre ultrapassadas findando a ideia chave na página seguinte.
Anos mais tarde comecei a pintar – notei em mim uma similaridade entre o pincel e a escrita, mas nunca imaginei um dia colocar os dois frente a frente externando no papel a sensação ao findar o ato de minha criação. Embora os dois me deem imenso prazer, em meu vocabulário não encontro palavras que possam definir a principal diferença entre eles. Creio a melhor resposta esteja na diferença que sente uma mulher durante o ato sexual em relação ao homem nessa mesma jornada, ou seja, um jamais saberá como é o gozo do outro, no máximo, uma ideia do quão prazeroso é.
Manoel Cláudio Vieira - 27/07/2025 - 22:46h
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