quarta-feira, 23 de maio de 2012

Eu queria (texto escrito prof. depressão)


Eu queria uma vida um pouco melhor
Pagar preços menores pelo dia de amanhã
Despertar para um mundo de luzes me sentindo... gente
Sentir em meu corpo o leve toque do vento levando para longe a presunção
De entreveros de uma vida em sociedade onde o que mais se sente
E o gosto amargo de se sentir ... só.


Eu queria ser mais humano e menos... esponja
Queria saber separar melhor meus problemas dos contratempos alheios
Não absorver para mim o que não é meu
Queria o auxilio de alguém a me ouvir em momentos difíceis
Queria ... sentir na vida um gosto de vida e não de ...


Eu queria tanto superar meu algoz
Queria poder falar com àquele ser atrás do espelho e dizer :
"Você é minha imagem, não meu conteúdo;
Apenas... uma carcaça sem sentimentos".


Mesmo sabendo quem sou, porque busco a aprovação deste outro ?
Eu queria distinguir melhor o joio do trigo em meu próprio ser
Não cair tanto nas contradições deste que me habita e diz sempre :
"O que se veste representa o que se é e o que se sente"


Despojado deste espírito caricato
Procuro vestir meu externo com roupas que mais se adequam a minha personalidade, mas ...
Meu interior esta despido e vazio tal qual um sepulcro negro.
O estilista maior deste mundo
Parece não mais estar presente em minha vida tornando lúgubre o meu viver.


Com toda certeza, estou neurótico, mas
Quem nos dias de hoje, não acaba se tornando assim ?
O que mais distingue um ser de outro é o grau atingido por tal distúrbio
Mais ainda : a consciência vívida de que tem essa "coisa" aliada a impotência de
Não saber como corta-la pela raiz sofrendo o mínimo possível.


Tal qual um ator, eu queria viver minha vida duas vezes.
Na primeira, faria uma espécie de treino aprimorando-me.
Na segunda, já bem mais experiente porém cego e ególatra
Destrincharia com maior destreza os problemas no palco do mundo.
Sem notar , estaria apenas interpretando um alguém chamado........
Vivendo, jamais. Isto seria apenas uma teoria do "LIVRO DA VIDA".



Manoel Cláudio Vieira - segunda-feira, 25 de fevereiro de 2002 - 13:06h
(escrito quando estava em profundo estado de depressão)

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