Sei que o tempo passou
Sob a ponte, muita aguas passaram nas noites de luar
O que deveria ter ficado para trás, nas entranhas das margens do rio ficou
Como nas antigas canções, há sempre algo a se lembrar
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Duvido que alguém sinta por você o que um dia senti
Que dedicou tanto de seu tempo fazendo suas manhãs florescer
Mesmo que não seja possível viver tudo novamente, eu te amo
Sempre existe alguém a nos salvar quando nada temos a oferecer
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Sei que o arco íris que um dia você planejava ficou pelo caminho
Não foi culpa de ninguém perdermos contato com o balde de ouro
A mudança de ofício que prometia ser o início de um novo tempo ficou para trás
A morte pôs fim ao seu maior tesouro.
Uma cama, uma mala e um pequeno baú... tudo que sobrou
Lançados ao mundo, buscando na natureza um sinal
O retorno ao lar de mãos vazias parecia um desastre
A alma de criança que descrevera aquele momento não seria capaz de conceber tanto mal
A sobrevivência foi difícil
Com o tempo as arestas foram se ajeitando
O pouco se transformando em muito
A vida acontecendo, os pesadelos se dissipando
Queria tê-la a meu lado
Entender o porquê de tantas surras
Se os espancamentos foram sua válvula de escape, não sei
Só que compreender o porquê de tanto ódio ao nascituro.
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Manoel Claudio Vieira – 30/10/25 – 03:37h
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